O Que Aprendi Atuando Como Perito Judicial?

 

Homem Perito Judicial Grafotécnico

Não é com a intenção de ensinar que escrevo este artigo, mas sim de compartilhar minha experiência nos dois primeiros anos de atuação como perito judicial, focado nas áreas de grafotécnica e assinaturas digitais e eletrônicas. Não poderia listar apenas os aprendizados ligados à profissão, já que nossa vida pessoal também é profundamente influenciada pela atividade. Por isso, divido este relato em dois grupos: aprendizados na profissão e aprendizados na vida pessoal.


Mas o que significa aprender?

Segundo os dicionários, aprender significa “adquirir conhecimento” ou “adquirir habilidade prática”.
Se você é perito judicial em qualquer área e ainda não percebeu como essas definições estão presentes no seu dia a dia, algo está errado. Quando investimos em um curso, por exemplo, estamos adquirindo conhecimento e quando estamos atuando em campo adquirimos habilidade prática e nesse momento começamos a aprender com mais substância os assuntos que aquele(s) curso(s) que investimos nos disponibilizou e é nesse ponto, também, que poderemos avaliar a qualidade daquilo que compramos como sendo orientações de mentores. Se acreditarmos que o "adquirir conhecimento" está apenas nos cursos ou formações que realizamos, não estamos aproveitando a oportunidade de crescimento de nossas carreiras, pois a palavra adquirir não quer dizer apenas o ato de comprar alguma coisa. Ao lermos uma simples petição em um processo, podemos aprender inúmeras coisas, seja de como fazer ou do que não fazer e isso é adquirir conhecimento combinado com adquirir habilidade prática. 


Mas o que eu aprendi atuando como perito judicial nos dois primeiros anos?

Embora esses pontos que eu vou citar possam parecer negativos, todos representam oportunidades de aprendizado e se você entender como reclamação ou coisas ruins, posso afirmar que não compreende o termo "adquirir conhecimento" e não conhece o termo "adquirir habilidade prática", pois de tudo isso, que não é a totalidade do que já presenciei em 2 anos atuando em mais de 80 processos judiciais como perito do juízo, pude tirar grandes aprendizados e trazê-los para ampliar a excelência do meu trabalho.

Atuando como perito do juízo, tenho aprendido diariamente a cada processo novo, a cada nova comarca que acredita que posso auxiliar de forma imparcial e profissional, que o Perito não é apenas um atuante intermediário que entra no meio do processo, faz uns apontamentos e pronto, mas é sim, uma peça de extrema importância no processo judicial, pois sua expertise, quando desenvolvida de forma consciente, dedicada ,profissional e fundamentada, auxilia de forma incontestável e promove segurança para as sentenças dos magistrados. Se você encontrar algum aprendizado em comum com os que vou citar abaixo, comente, será de extrema importância trocarmos experiências. Vamos lá:
  • Aprendi como um processo judicial realmente funciona;
  • Qual o papel de cada parte envolvida em um litígio;
  • Que assim como em qualquer profissão, muitas vezes não conseguimos a valorização que merecemos;
  • Que a imparcialidade de um perito judicial é confundida em várias ocasiões, sem generalizar, pelos patronos defensores de suas partes;
  • Aprendi que a grande maioria das impugnações são genéricas, sem cunho científico e que, mais uma vez, infelizmente, tratam apenas de tentativas de protelar o tempo da sentença;
  • Aprendi que grande parte da desvalorização que enfrentamos acontece devido a colegas que não entenderam ainda o significado da palavra perito e sua parcela de influência que pode, sem exageros, modificar o destino de vidas;
  • Essa é uma constatação, eu sempre soube que o estudo é parte inseparável do ser humano, mas aprendi, infelizmente, que em nossa área, existem muitos "profissionais" que estacionaram em um curso básico e nunca chegaram perto de um livro;
  • Aprendi que atuar como perito não é apenas realizar as movimentações processuais, mas estar atento em ajudar na celeridade processual, buscar entender como aquele cartório, que me nomeou, pode ser ajudado com a minha atuação;
  • Aprendi que a parcela de pessoas que iniciam na carreira de perito judicial focando apenas no dinheiro, trazem prejuízos à classe, recebem algumas nomeações mas em breve são destituídos devido aos trabalhos rasos que muitas vezes mais prejudicam do que auxiliam o judiciário e com isso apenas "auxiliam" na desvalorização dos profissionais que realmente se empenham diariamente por trabalharem com mais excelência. 
Como já mencionei, tudo o que citei aqui como aprendizado não esgota a quantidade de conhecimento e habilidades adquiridas neste, ainda, breve tempo de atuação.

E o que aprendi para minha vida pessoal atuando como perito judicial?

A minha busca inicial para a transição de carreira era por uma profissão que tivesse como uma de suas características, ajudar o mundo de alguma forma e que não me aprisionasse na vida comum que é a busca incessante pelo dinheiro, casa, carro, ter, ter e ter...

Nesse sentido a perícia judicial situou-se muito bem, pois tenho o controle da quantidade de trabalho que posso aceitar sem prejudicar a qualidade do que apresento, posso ajudar no combate a fraudes, consigo ter uma vida tranquila com minha esposa e ainda uma vida financeira dentro do meu balizamento necessário para viver bem. Dessa forma, continuo aprendendo a ampliar o que eu já buscava antes da perícia judicial, que são coisas que talvez não estão muito presentes na vida das pessoas devido a aceleração que o planeta desenvolve e prende a grande maioria como uma "manada" e quando se percebe, a vida passou, até conquistou diversos bens materiais, dinheiro, mas não entende o sentimento de vazio que ainda está no peito e começa a gastar todo o patrimônio que construiu tentando a cura para alguma doença que pode achar ser hereditária ou culpar a profissão, mas não percebeu que foi criada por si mesmo. Posso afirmar que para minha vida pessoal, levando em consideração a profissão de perito judicial, tenho conseguido manter e ampliar os seguintes aprendizados:

  • Viver com muito menos ansiedade (viver no presente);
  •  Seguir sempre tendo certeza de que faço o melhor que posso em todos os aspectos da minha vida;
  • Que tenho tempo disponível para cortar a grama da minha casa;
  • Conversar com minha esposa;
  • Evoluir espiritualmente;
  • Ver, sentir e viver a vida que tenho disponível;
  • Adquirir conhecimento e habilidades para ampliar a excelência em tudo o que me proponho a realizar;
  • Ser cada vez mais feliz;
  • E tantas outras coisas que cada um de nós desenvolve individualmente como necessidade para uma vida saudável.

Conclusão: Eu não sei se tudo o que escrevi faz algum sentido para você, mas para mim tem um grande significado. Se fez sentido, comente, se achar que uma outra pessoa pode gostar desse conteúdo, compartilhe e se você tem vontade de descansar sua mente, acesse o blog https://encontreoseueuinterior.blogspot.com/, lá tem diversos conteúdos que podem ser muito úteis para seus momentos de descanso. Eu sou Marcio Paz.

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